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COLUNA

A verdadeira vitória

Joana D´Arc - Imagem: Reprodução | Wikipedia
Joana D´Arc - Imagem: Reprodução | Wikipedia
Marcus Vinícius De Freitas

por Marcus Vinícius De Freitas

Publicado em 08/05/2024, às 08h11


O Dia da Vitória na Segunda Guerra Mundial, também conhecido como Dia da Vitória na Europa (Dia VE), é celebrado no dia 8 de maio. A Europa, após anos de guerra, viu, nessa data, a rendição da Alemanha Nazista e o retorno da paz ao velho continente. Esta data importante no calendário europeu representa o culminar de anos intensos de sacrifícios e lutas, por partes da Forças Aliadas, para derrotar um dos maiores vilões da história. Com o fim da guerra, a Europa viu triunfar, enfim, a derrota da tirania e de uma guerra de impacto profundo sobre a própria essência do Continente.

Neste dia, os europeus relembrarão o feito histórico, com cerimônias, desfiles ou outras manifestações que, de alguma forma, prestem a devida e sincera homenagem a todos aqueles que sacrificaram suas vidas para a vitória dos Aliados naquela guerra tão infame. A pergunta, no entanto, deveria ser: através de quais princípios podemos evitar novos conflitos?

Precisamos relembrar, constantemente, os grandes heróis da humanidade para retirar da vida deles os exemplos que necessitamos para seguirmos na jornada da vida. Relembro dois importantes heróis que, embora as histórias sejam muito diferentes, existem elementos importantes a destacar da atuação espetacular de cada um em seu tempo e momento. Dos livros da história, destaco a combativa Joana D´Arc, francesa, que foi responsável por alterar os rumos de seu país, e de Mahatma Gandhi, cuja atuação pacífica – iniciada com uma greve de fome para protestar contra a opressão britânica na Índia – levou ao fim da colonização daquele país.

Joana d’Arc, uma camponesa sem instrução, nascida cerca de 1412, foi fundamental para a coroação do Rei Carlos VII da França durante a Guerra dos Cem Anos. A ação de Joana d´Arc assegurou a soberania francesa sobre o território do país, que se encontrava sob domínio inglês. As convicções de fé levaram Joana d´Arc a sucessos no campo de batalha, jamais renegando a crença em seus sentimentos espirituais. A figura mítica de Joana D´Arc inspirou a resistência francesa contra a ocupação nazista na Segunda Guerra. Foi a memória e o simbolismo de Joana que renovou no povo francês o espírito necessário para enfrentar os desafios que se lhes apresentavam com maior determinação, com o objetivo claro de manterem a sua liberdade e identidade nacional.

Mahatma Gandhi, líder do movimento de independência da Índia contra o domínio britânico, empregou greves de fome como forma de resistência não violenta. Uma das suas greves de fome mais famosas teve lugar em 1932, durante o domínio colonial britânico na Índia. Gandhi utilizou esta forma de manifestação para protestar contra a decisão do governo britânico de segregar a casta mais baixa da sociedade hindu, na questão eleitoral, dividindo ainda mais aquela sociedade. Com isto Gandhi atraiu a atenção local e internacional, forçando o governo britânico a iniciar um processo de várias negociações que, eventualmente, levaram à Independência da Índia, por meio da resistência não violenta, com o sacrifício do bem-estar pessoal em prol da coletividade. Gandhi afirmava, com clareza, que a violência era a pior maneira de evolução da humanidade. Afinal, "olho por olho só acaba cegando o mundo inteiro", segundo Gandhi. Esta filosofia de não-violência inspira, ainda, inúmeros movimentos por justiça social e direitos humanos em todo mundo.

Apesar dos momentos e contextos históricos diferentes, ambos heróis constituem exemplos de inspiração, de mudança, convicção, coragem, e, principalmente, liderança efetiva. Gandhi e Joana D´Arc possuíam coragem e convicção notável: ela liderou o exército em vitórias contra os ingleses na Guerra dos Cem Anos; ele liderou destemidamente campanhas de protesto não-violento de desobediência civil contra o domínio britânico, mesmo quando violência e prisão lhes fossem impostas. Joana e Gandhi também exerceram uma liderança moral imprescindível em sua ação, mantendo um compromisso inabalável com suas crenças, mesmo em que em meio de adversidades e a possibilidade de lhes custar a própria vida.

Com isso, eles se tornaram símbolos de inspiração, coragem, convicção e liderança. Se estes princípios e líderes desse calibre houvessem abundado nos anos que precederam às duas guerras mundiais, a humanidade teria sido poupada do terror. Infelizmente, lideranças fracas levam a humanidade a tragédias. Embora celebremos o fim da II Guerra com o Dia da Vitória, a realidade é que, cada vez menos, temos as lideranças necessárias para mudar os rumos da humanidade mais positivamente. Para tanto, é necessário retomarmos valores como coragem, convicção e liderança moral para influenciar as sociedades positivamente.

Em 1865, o norte-americano, William Ross Wallace, criou um refrão que se tornou um provérbio, enfatizando a força da maternidade: “Porque a mão que balança o berço é a mão que governa o mundo”. Wallace compreendia que os rumos de uma sociedade são determinados nas paredes do lar. O Dia das Mães foi criação de Ann Jarvis, que, dois anos após o falecimento de sua mãe, iniciou a campanha em prol do reconhecimento do feriado, em 12 de maio de 1907. No Brasil, o feriado chegou alguns anos depois, em 1932, com Getúlio Vargas reconhecendo o importante papel das mulheres na sociedade, no mesmo ano que conquistaram o direito ao voto no Brasil.

À medida que nos aproximamos da gloriosa celebração do Dia das Mães, que tenhamos claro que foi no lar que heróis como Joana D´Arc e Gandhi foram forjados. Precisamos de mais lares e famílias para evitar tragédias como novas guerras. 

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