Aharon Haliva já tinha comunicado sobre a renúncia no final do ano passado
por Marina Milani
Publicado em 22/04/2024, às 07h00
O major-general Aharon Haliva, chefe dos serviços secretos militares de Israel, anunciou sua renúncia na segunda-feira, em meio a crescentes críticas sobre a preparação e resposta ao ataque do Hamas em outubro de 2023. O ataque, considerado o mais mortal da história de Israel, deixou 1.200 mortos, a maioria civis, e aproximadamente 250 reféns em Gaza.
Haliva é o primeiro representante de alto escalão israelense a renunciar devido ao papel desempenhado no ataque, que desencadeou uma prolongada guerra entre Israel e o Hamas. Em sua carta de renúncia, Haliva expressou profundo pesar por não ter conseguido evitar a tragédia, assumindo a responsabilidade pela falha da direção de inteligência sob seu comando.
“A direcção de inteligência sob o meu comando não cumpriu a tarefa que nos foi confiada. Carrego aquele dia negro comigo desde então, dia após dia, noite após noite. Levarei comigo a dor horrível da guerra para sempre”, escreveu Haliva na sua carta de demissão, fornecida pelos militares.
A renúncia de Haliva pode abrir caminho para mais demissões entre os altos escalões da segurança de Israel, à medida que o país enfrenta questionamentos sobre a eficácia de suas agências de inteligência e segurança. No entanto, o momento das demissões permanece incerto, uma vez que Israel ainda está envolvido em conflitos com o Hamas em Gaza e o grupo militante Hezbollah no norte.
O líder da oposição israelense, Yair Lapid, saudou a renúncia, dizendo que era “justificada e digna”. “Seria apropriado que o primeiro-ministro Netanyahu fizesse o mesmo”, escreveu ele no X, antigo Twitter.
O ataque do grupo terrorista, que ocorreu durante um feriado judaico, pegou Israel desprevenido, abalando a confiança do público nas forças armadas do país. A renúncia de Haliva pode ser vista como um esforço para restaurar parte dessa confiança e responsabilizar os líderes por suas falhas.
A decisão de Haliva também ocorre em um momento tenso, com tensões elevadas entre Israel e o Irã, além de contínuos distúrbios na Cisjordânia e dentro de Israel. Enquanto isso, a Páscoa é marcada por uma atmosfera sombria para muitos israelenses, com dezenas de pessoas ainda mantidas como reféns em Gaza.
A guerra desencadeada pelo ataque do Hamas resultou em devastação em Gaza, com mais de 34 mil palestinos mortos e uma crise humanitária em andamento. Os combates também afetaram as comunidades dentro de Israel, como evidenciado por um recente incidente em Jerusalém, onde um carro atropelou pedestres e suspeitos armados fugiram do local, sendo posteriormente detidos pela polícia.
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