por Marcus Vinícius De Freitas
Publicado em 28/02/2024, às 06h50
Quase findando o primeiro quartel do século XXI, a ordem internacional vai se reestruturando, paulatinamente, para refletir um momento de transição entre Ocidente e Oriente, com o eixo econômico do planeta movendo-se para a Ásia.
O século XXI, apesar dos conflitos atuais em Gaza e na Ucrânia, tem sido mais pacífico que os dois séculos anteriores. No século XIX, Napoleão promovia o Bloqueio Continental e várias guerras na Europa. E no século XX, a tragédia da Primeira Guerra Mundial acometeu o mundo logo nas duas primeiras décadas, deixando marcas profundas na humanidade e na geopolítica. Impérios caíram e novos players internacionais surgiram. A Europa conseguiu manter a relevância ao longo dos últimos cinco séculos, porém seu lugar de proeminência global tem declinado substancialmente. A posição indecisa da União Europeia quanto à sua atuação em muitas das pautas globais, a subserviência de defesa europeia aos Estados Unidos e à OTAN, e a inabilidade em lidar com a herança colonizadora do passado têm colocado o Velho Continente numa espiral negativa de declínio e de irrelevância.
Dentre os vários desafios europeus, três são particularmente relevantes. Em primeiro lugar, a insegurança energética é de fundamental importância. A Guerra Russo-Ucraniana expôs a extensão da vulnerabilidade energética da União Europeia, que depende fortemente da Rússia para o seu abastecimento de gás natural. A Rússia representa cerca de um quarto do consumo europeu total. A ruptura do gasoduto Nord Stream, que contorna a Ucrânia e aumenta a influência da Rússia sobre a União Europeia tem sido controversa e causa divisão entre os estados- membros.
A União Europeia enfrenta enormes dilemas ao tentar equilibrar segurança energética, solidariedade com a Ucrânia e os objetivos climáticos. O aumento incontrolável dos preços das necessidades diárias e dos combustíveis domésticos encontrou-se com os inflexíveis sentimentos ambientalistas em relação aos combustíveis fósseis e à energia nuclear. Os burocratas e os representantes dos países europeus estão em desacordo entre si sobre a prioridade acertada para assegurar o bem-estar coletivo.
Em segundo lugar, para além da pressão esmagadora causada pelo influxo de populações muçulmanas, o pluralismo cultural defendido pelos principais políticos da União Europeia é, de fato, ditado pelas tóxicas ideologias liberais esquerdistas manifestadas pela maré da cultura woke e da política identitária. O terrorismo e o populismo evidenciam um sentimento de exclusividade irracional, se não de agressividade passiva, quanto o sistema de valores que a União Europeia tentou “vender” ao Sul Global à custa da ilusão da “sociedade aberta”. A reação pública à ação exorbitante de Israel em Gaza mostrou como a “sociedade aberta” e a “liberdade” são falíveis, se não tóxicas. O colapso do sistema de valores a nível popular tem provocado uma turbulência sísmica na estatura global da União Europeia.
Por fim, o supranacionalismo europeu também apresenta rachaduras. A União Europeia sofre de falta de coesão política e de solidariedade entre os seus Estados-Membros, o que prejudica a sua capacidade de agir como um interveniente unificado e eficaz no sistema internacional.
A divisão na alocação financeira entre o Norte e o Sul da Europa, o confronto sobre instituições abertas que favorecem os capitais dos estados ricos entre a Europa Ocidental e Oriental, a disputa sobre o calibre do voto e da voz entre grandes e pequenos países europeus, e a diferença enraizada entre as ideias do intergovernamentalismo e do supranacionalismo estão alguns dos confrontos políticos estruturais que surgem na União Europeia. Estes confrontos intensificaram-se à medida que as vantagens econômicas da União Europeia E caíram em ruínas e as extravagantes políticas de bem-estar social promoveram uma ética de trabalho pós-moderna que não pode reverter para a diligência e a meritocracia. O problema fundamental da distribuição de recursos é uma questão de vida ou morte para a União Europeia.
O contexto geopolítico é extremamente desanimador para a sustentabilidade da União Europeia. Os recrudescimentos de movimentos políticos mais radicais podem acelerar ainda mais sentimentos impróprios a um continente que já enfrentou vários momentos de destruição quase total. Isto também prejudica a preservação do estilo de vida europeu e coloca em cheque o futuro das próximas gerações.
A situação vem deteriorando a olho nu e é por este motivo que a Europa se tornou, para sua inconveniência, um centro de instabilidade inobservado naquele continente nas últimas sete décadas.
Para um país como o Brasil, que possui laços históricos com o Velho Continente, é importante entender que o enfraquecimento europeu oferece ao País a oportunidade uma maior assertividade global. Os europeus, equivocadamente, tentaram, ao máximo possível, estender seus privilégios e demandas sobre o Sul Global. Esta fase parece ter acabado.
Ainda assim, os confrontos políticos se agravarão e deixarão cicatrizes mais profundas no ideário europeu.
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